Quarenta anos de actividade é muito tempo. Reafirmo que foi
uma encruzilhada de sucesso (modéstia à-parte), mau grado um ou outro momento
mais atribulado, o que sempre acontece em qualquer profissão. Posso ter perdido
algumas “batalhas” (crónicas menos felizes, por exemplo. Aceito), mas, no
cômputo geral, venci um enorme desafio.
Sofri na pele algumas perseguições (não era “jornalista
comprado” pelos “lobbies”), mas sempre perdoei aos que pretenderam derrubar-me
com calúnias.
De pessoas marcantes, evoco Padre Manuel Coelho de Sousa (já
falecido), Dr. José Lourenço, Gustavo Manuel Moura, Padre José Barcelos Mendes
(já falecido), António Lourenço de Melo, Dr. Joseph Wilson (psicólogo),
Dr. Manuel Sérgio (professor universitário e escritor), MESTRE Vítor Santos (já
falecido), Alfredo Farinha, Joaquim Campos (ex-árbitro internacional), Joel
Neto (jornalista e escritor), Rui Santos (ex-companheiro de “A Bola”), José
Eliseu Costa (pela sua boa disposição e possuidor de uma prosa bonita),
professor Luís Carlos Couto (hoje no Gabinete Técnico da Federação Portuguesa
de Futebol), João Eduardo Gomes Alves (pela sua lisura e bondade), Tenente-Coronel
Francisco Almeida, General Vasco Rocha Vieira, Francisco Toste de Carvalho (já
falecido), Fernando Pacheco Pereira (já falecido), Valdemar Bretão da Rocha (já
falecido), Luís Carlos de Noronha Bretão, José Daniel Macide, Tenente-Coronel
Paula de Carvalho, João Consiglieri Paula da Rocha, Coronel Rebocho Vaz
(falecido. Foi antigo Governador-Geral de Angola no meu tempo), Mário Goulart
Lino, Manuel Tibério Goulart Lino, António Bulcão, Carlos Valente (antigo
árbitro internacional), Manuel Fernandes (antigo jogador do Sporting e que foi
treinador do Santa Clara), Dulberto Glória (distinto funcionário da Federação
Portuguesa de Futebol), Nelson Paiva (USA), Afonso Costa (USA), Vítor Galvão,
Ildefonso Manuel Pereira da Silva, Arlindo Barcelos (Canadá), Henrique Moniz
(Canadá), Carlos António da Saúde Rosa (Canadá), Carlos Costa (Canadá), José de
Oliveira Machado (médico. Nascemos no mesmo dia, a 13 de Outubro), Homero Serpa
(que me convidou para entrar em “A Bola”, com o aval posterior de MESTRE Vítor
Santos), Nuno Ferrari (fotógrafo de “A Bola”, o maior de todos, já falecido),
José Gabriel Fragoso, Dr. João Mendes Jacinto, António José Toste de Carvalho,
Dr. Artur da Cunha Oliveira, Capitão Francisco Pires Duarte (penso que já
falecido, este homem que muito deu à arbitragem portuguesa), Luís Henrique
Cordeiro Pimpão (USA), Paulo Henrique Fonseca (USA), Maria João Ávila (USA),
Orlando Ramin, Hilário da Conceição, John Mortimore, professor Rui Silva,
Carlos Borba (Alemanha), Mário Manuel Coentro de Faria, Luís Manuel da Silva
Teves, Álamo Oliveira (poeta), Elvino Bettencourt (um dos grandes treindores
que passou pelo Lusitânia), Ângelo Faria (já falecido), Alberto Pereira Cunha
(já falecido), Florival Bettencourt Sancho (já falecido), Dr. Henrique
Henriques Flores (já falecido), Dr. Duarte Soares (médico), Dr. Álvaro Gregório
(médico), Alberto Louro da Silva Lopes (já falecido), Dr. António Menezes
(antigo secretário dos Assuntos Sociais), Dr. Raúl Rego (por ter agido em minha
defesa num processo em que alguns mal intencionados me queriam culpar),
professor Nuno Monteiro Paes (já falecido), Dr. Rui Graça (médico),
Tenente-Coronel Garrido Borges (já falecido), Mário Cunha (São Miguel), José
Silva (São Miguel), João de Brito Zeferino (São Miguel), Sidónio Bettencourt
(São Miguel), Mário Lourenço (São Miguel), Max Almeida (São Miguel), Paulo
Cordeiro (São Miguel), Dr. António Pedro (São Miguel), família Pavão (Hotel
Canadiano, São Miguel), José Fontes (director do Hotel Faial), Carlos Morais
(Faial), Henrique Rocha (Faial), João do Talho (Faial, já falecido), Mário
Frayão (Director do Semanário Tribuna das Ilhas, Faial), José Manuel Novais
(Lisboa, mas oriundo do Faial).
Reforço aqui a intimidade que mantive com o General Vasco
Rocha Vieira, “persona grata” para com aqueles que sempre o apoiaram.
Post Scriptium – Prometi que, aqui, não falaria dos nomes de
mulheres marcantes. Quantas? Não sei...
Duas mortes que me abalaram
Muitos artigos escrevi sobre pessoas amigas e
conhecidas que faleceram, mormente aquelas ligadas ao desporto e com quem
convivi ao longo dos respectivos anos de actividade.
Porém, há duas mortes que me abalaram profundamente, pelas
suas circunstâncias. Dois jogadores de futebol de primeira água no âmbito do
futebol açoriano. Ambos representaram o Lusitânia de Angra do Heroísmo e,
curiosamente, colegas de equipa até ao momento em que o primeiro faleceu. Ele,
o primeiro, João Machado Leal, vulgarmente conhecido por Martins, um
ponta-de-lança que metia respeito e que sempre sentiu a camisola que vestiu.
Basta dizer que, no dia do seu casamento, ouvia o relato pela rádio e a sua
equipa perdia. Deixou a noiva, veio para o Campo Municipal, equipou-se ao
intervalo e, com ele em campo, o Lusitânia acabou por ganhar. E fez golo da
vitória. É (foi) obra! Martins morreu com uma perfuração no estômago, tendo
sido internado após um jogo que efectuou para o Campeonato Nacional da III
Divisão.
O segundo, de uma família de habilidosos natos para o
futebol (Orlando, Jorge, Paulo e João), foi João Gabriel da Silva Borges que
não resistiu a um problema cardíaco quando, num dia de folga (entenda-se de
treino, uma vez que era adjunto de Adérito Pires), foi pescar, um dos seus
“hobbies”preferidos.
Acresce que visitei Martins no hospital umas horas antes de
falecer.
Com João Gabriel, havia estado dois dias antes num dos
treinos que o Lusitânia realizou.
Não tive força suficiente para acompanhar os funerais deste
dois amigos.
João Gabriel, inicialmente, tinha medo de andar de avião e,
curiosamente, fui eu que apadrinhei o seu baptismo quando o Lusitânia, na
década de 70, se deslocou à cidade da Horta para participar no aniversário do
Fayal Sport Club.
Há, também, outra morte que me deixou bastante consternado,
relacionada com o meu colega de “A Bola”, Manuel Rebelo Carvalheira,
assassinado no seu apartamento. Um mistério que nunca foi desvendado, se bem
que, na altura da tragédia, tudo indiciava que Rebelo Carvalheira sabia muita
coisa sobre um grupo organizado (falava-se em tráfego de diamantes). Na
véspera, numa sexta-feira, achei-o muito esquisito no jornal, pouco falava, ao
invés do que era habitual. Comentei esse facto com Vítor Santos, que me
disse: Carlos, conheces os problemas do Carvalheira. Outros problemas que não
quero aqui revelar. Cada um é como é. Só que, dentro do jornal, Carvalheira foi
sempre exemplar, ninguém lhe apontava nada sobre as suas opções em termos de
relacionamentos. Inclusive, estive com Carvalheira nas ilhas Terceira e Faial,
em serviço de jornal, e de nada me apercebi a esse respeito. Muito correcto e
um grande profissional, nunca faltando a um serviço. Faltou sim, no dia em que
foi assassinado, uma vez que estava escalado para fazer um jogo do
Boavista no Bessa, tendo sido substituído pelo Simões Lopes (filho) que estava
no Estádio no Bessa e se apercebeu que lá não estava ninguém de “A Bola”, a não
ser ele que nesse dia folgava. E foi mesmo Simões Lopes que alertou Vítor
Santos da ausência de Rebelo Carvalheira. Ninguém sabia o que se tinha passado,
perante uma ausência intrigante. Se ele estivesse doente, logo teria informado
o jornal. Daí que, horas mais tarde, a polícia tenha arrombado a porta do seu
apartamento e lá estava Rebelo Carvalheira assassinado com uma garrafa no
crânio. E assim, tristemente, morreu o “Recas”, como todos lhe chamavam. A mim,
tratava-me sempre por gaivota, pelo factor de eu ser oriundo de uma das ilhas
dos Açores, concretamente a ilha Terceira.
A seguir: Capítulo XI
Para conferir os capítulos
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