Roberto, Erasmo e Wanderléa comandavam a
atração aos domingos na Tv Record, com convidados que influenciaram muitas
gerações
Por:FêCris
Vasconcellos
Todo domingo à tarde
era igual: a mãe lavava a louça, a criançada brincava na rua, o pai assistia ao
futebol na TV e quem não era uma coisa nem outra estava às voltas com os outros
de sua idade, respeitosamente trocando olhares em frente aos portões das casas.
Até que um domingo, 22 de agosto de 1965, não teve futebol e, então, tudo mudou.
Entrava no ar o primeiro programa feito para jovens da televisão brasileira:Jovem Guarda. Que onda.
– A Jovem Guarda é a beatlemania no Brasil, né? – define Marcelo Fróes, autor
do livroJovem Guarda – Em Ritmo de Aventura,
que conta muitas das histórias daquele que foi o movimento definidor da cultura
adolescente no Brasil.
Por um desentendimento entre a TV Record e as entidades responsáveis pelos
campeonatos de futebol em São Paulo, a emissora foi proibida de transmitir as
partidas e, com um buraco na programação, enxergou naquela gurizada – que já
começava a levantar do banquinho e a soltar o violão (e os quadris) – uma
grande oportunidade de negócio.
– O alto-astral era a grande moeda. Antes, tinha o samba-canção, músicas mais
tristes. O único momento feliz na canção era no Carnaval. Fora isso, era a
música romântica. Mas a Jovem Guarda trouxe um elemento de frescor e, pela
primeira vez, o público jovem foi impelido a consumir – explica Fróes.
Como os Beatles representaram uma virada no mercado fonográfico e de marketing
para jovens na Inglaterra e no mundo, o programaJovem Guarda, seus apresentadores
titulares Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa e toda a cena do iê-iê-iê –
Jerry Adriani, Martinha, Sérgio Reis, Agnaldo Rayol e mais um sem-número de
rostos, vozes e grupos – foram o estopim para a formação de uma homogeneidade
da identidade jovem no Brasil. Eles fizeram essa virada de consumo e
comportamento acontecer por aqui.
– A própria bossa nova já tentava atualizar e arejar a música brasileira,
apesar de ter um acento de cool jazz. E a Jovem Guarda também estava
acontecendo: o rock brasileiro olha para Paul Anka, Neil Sedaka e outros, olha
para trás, tentando gerar uma música pop brasileira muito espelhada no rock
americano e italiano. Antes de chegar em 1965, quando acontece esse fenômeno
mercadológico e de publicidade, Roberto Carlos, Carlos Imperial e outros já
vinham tentando atualizar o pop nacional – avalia o músico Frank Jorge, fã
declarado do movimento, que é uma das grandes influências em seus discos e
canções.
A música tinha, sim, ecos do rock e pop dos EUA, da Inglaterra e da Itália,
principalmente, mas as letras, os temas e as atitudes tinham muito de
tupiniquim. Assim, tomava forma um movimento que dava ares desde Celly Campelo,
com seuEstúpido Cupido(1960), e que, mesmo depois do fim do
programa, em 1968, seguiu produzindo frutos não só em São Paulo, mas no Brasil
inteiro.
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Roberto, Erasmo e Wanderléa comandavam a atração aos domingos na Tv Record, com convidados que influenciaram muitas gerações
– A Jovem Guarda é a beatlemania no Brasil, né? – define Marcelo Fróes, autor do livro Jovem Guarda – Em Ritmo de Aventura, que conta muitas das histórias daquele que foi o movimento definidor da cultura adolescente no Brasil.
Por um desentendimento entre a TV Record e as entidades responsáveis pelos campeonatos de futebol em São Paulo, a emissora foi proibida de transmitir as partidas e, com um buraco na programação, enxergou naquela gurizada – que já começava a levantar do banquinho e a soltar o violão (e os quadris) – uma grande oportunidade de negócio.
– O alto-astral era a grande moeda. Antes, tinha o samba-canção, músicas mais tristes. O único momento feliz na canção era no Carnaval. Fora isso, era a música romântica. Mas a Jovem Guarda trouxe um elemento de frescor e, pela primeira vez, o público jovem foi impelido a consumir – explica Fróes.
Como os Beatles representaram uma virada no mercado fonográfico e de marketing para jovens na Inglaterra e no mundo, o programa Jovem Guarda, seus apresentadores titulares Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa e toda a cena do iê-iê-iê – Jerry Adriani, Martinha, Sérgio Reis, Agnaldo Rayol e mais um sem-número de rostos, vozes e grupos – foram o estopim para a formação de uma homogeneidade da identidade jovem no Brasil. Eles fizeram essa virada de consumo e comportamento acontecer por aqui.
– A própria bossa nova já tentava atualizar e arejar a música brasileira, apesar de ter um acento de cool jazz. E a Jovem Guarda também estava acontecendo: o rock brasileiro olha para Paul Anka, Neil Sedaka e outros, olha para trás, tentando gerar uma música pop brasileira muito espelhada no rock americano e italiano. Antes de chegar em 1965, quando acontece esse fenômeno mercadológico e de publicidade, Roberto Carlos, Carlos Imperial e outros já vinham tentando atualizar o pop nacional – avalia o músico Frank Jorge, fã declarado do movimento, que é uma das grandes influências em seus discos e canções.
A música tinha, sim, ecos do rock e pop dos EUA, da Inglaterra e da Itália, principalmente, mas as letras, os temas e as atitudes tinham muito de tupiniquim. Assim, tomava forma um movimento que dava ares desde Celly Campelo, com seu Estúpido Cupido (1960), e que, mesmo depois do fim do programa, em 1968, seguiu produzindo frutos não só em São Paulo, mas no Brasil inteiro.
in:http://zh.clicrbs.com.br
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